O pagamento em parcelas é um recurso frequente do consumidor no cenário de inflação em alta, que corrói o poder de compra. É preciso considerar, porém, que se por um lado o parcelamento fixa o preço de um produto (que pode ficar mais caro no futuro), por outro ele aumenta o valor da compra pelos juros que sempre são cobrados, ainda que embutidos nas prestações.
Com a inflação subindo, aumentam também os juros do crédito – tanto de empréstimos em instituições financeiras quanto de compras parceladas em lojas.
O quadro abaixo traz simulações considerando dois cenários: um com inflação de 6,7% ao ano (valor atual pelo IPCA, índice usado pelo governo para medir a oscilação de preços) e outro com 4,5% ao ano, centro da meta do governo.
Com inflação de 4,5% ao ano e juros a 2% ao mês, um empréstimo de R$ 1.000 parcelado em três vezes teria valor final de R$ 1.040,25. Em 12 prestações, o valor passaria para R$ 1.134,72.
Já com a inflação em 6,7% ao ano, os juros seriam corrigidos para 2,17%. O mesmo empréstimo parcelado em três vezes teria valor final de R$ 1.043,70 (R$ 3,45 mais que no primeiro cenário) e o de 12 vezes passaria para R$ 1.146 (R$ 11,88 maior).
O aumento do juro ao consumidor ocorre porque, para conter a inflação, o Banco Central usa a elevação da taxa referencial de juros do mercado, a Selic.
“Com isso, sobe também o custo dos bancos para captar dinheiro, e eles repassam isso aos clientes aumentando as taxas dos empréstimos”, diz o professor de economia e finanças Alexandre Espírito Santo, do Ibmec-Rio, instituto de ensino e pesquisa.
Vale ressaltar nas simulações nesta página que o valor final da compra sobe conforme o número de parcelas, tanto com a inflação em 4,5% ao ano ou em 6,7% ao ano, por causa da taxa de juros. A diferença é de R$ 94,47 entre parcelamento em três e 12 vezes no primeiro cenário e de R$ 102,90 no segundo.
Se a compra é inadiável e o consumidor não dispõe de todo o dinheiro necessário, o parcelamento pode ser uma opção. Nesse caso, porém, é preciso se certificar de que os juros cobrados são prefixados -ou seja, não vão subir ao longo do tempo.
Em alguns casos, diz Fernando Cosenza, o diretor de inovação e sustentabilidade da Boa Vista Serviços, empresa de informações financeiras, o parcelamento pode até ser considerado vantajoso. “Com a instabilidade do dólar, um produto importado pode ficar mais caro no futuro, e [nesse caso] pode ser uma boa ideia fixar o preço, nas prestações que couberem sem comprometer o orçamento”, diz. “Esse raciocínio vale para viagens também.”
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