Com aumento da Selic, crédito fica bem mais caro

O brasileiro que está planejando recorrer ao crédito, em empréstimos pessoais ou no cheque especial, deve ficar atento a um movimento detectado por duas pesquisas recentes feitas junto aos bancos e financeiras. As taxas voltaram a subir e devem ser elevadas ainda mais nos próximos meses. O Procon de São Paulo verificou aumento nos juros cobrados pelos bancos em empréstimos pessoais e no cheque especial. A Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac) chegou à conclusão similar, depois que o BC elevou a Selic de 7,25% para 8,5% entre março e julho.
“As taxas de juros ao consumidor caíram nos últimos dois anos no Brasil, mas ainda estão num dos patamares mais elevados do mundo. Quem usar o crédito sem observar a taxa de juro pode provocar um estrago no orçamento da família”, diz Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor de Pesquisas Econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac).
No cheque especial, segundo o Procon, a taxa mensal pulou de 7,93% para 7,95% ao mês. Na prática, isso significa que uma dívida de R$ 1.000,00 no cheque especial pode chegar em 12 meses a R$ 2.498,65, caso o consumidor não faça nenhum pagamento no período. Já num empréstimo pessoal de banco, paga-se uma taxa anual de juro de 43,24%, segundo a Anefac. Se a pessoa for pedir dinheiro numa financeira, a taxa salta para 124,21% ao ano. Isso sem falar no cartão de crédito, que cobra juro de 150% em 12 meses. Nessa modalidade, R$ 1.000,00 rolados durante 12 meses se transformam em R$ 3.047,23.
Nos últimos dois anos, os juros se acomodaram em patamares um pouco mais baixos depois que o Banco Central (BC) promoveu uma queda sequencial da Selic, a taxa básica de juro, entre julho de 2011 e março deste ano. E isso se intensificou quando os bancos públicos e privados começaram a concorrer e derrubaram as taxas cobradas dos clientes, no ano passado. Mas a inflação alta obrigou o BC a inverter a mão da Selic. E, para os próximos meses, esse movimento deve continuar, afirmam os economistas.
Na prática, dizem os especialistas, tanto o cartão de crédito quanto o cheque especial são usados erroneamente como uma espécie de extensão do salário de parte dos brasileiros que se endividam. Para esse tipo de consumidor, um limite de R$ 3 mil no cheque especial e um salário de R$ 5 mil equivalem a uma renda mensal de R$ 8 mil. Um estudo feito pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) revelou que num grupo de 604 pessoas, sete em cada dez entrevistados não sabem quanto pagam de juro quando deixam de quitar o valor integral da fatura do cartão de crédito.
Nova dívida?
O educador financeiro Reinaldo Domingos lembra que usar linhas de crédito mais baratas, como o empréstimo consignado, que tem como garantia o fato de as parcelas serem descontadas direto no contracheque e média de juro de 1,8% ao mês, a mais baixa entre os empréstimos, ajuda a fugir de juros elevadas. Pesquisar taxas entre bancos também é importante. Uma pesquisa feita pelo Banco Central mostrou que os juros anuais para financiar um veículo podem variar de 9,07% a 54,44% ao ano entre 46 bancos pesquisados. Fazer um empréstimo pessoal para pagar dívidas caras, como o cartão de crédito, é outra alternativa, recomenda Domingos.
“Mas a melhor linha de crédito ainda é você mesmo. Guardar dinheiro para comprar o bem à vista, ou pelo menos dar uma boa entrada, é mais interessante. E, mais do que isso, cada um deve se perguntar se a família precisa mesmo daquele bem e se vale a pena entrar numa nova dívida”,diz Domingos.
Globo Economia

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