Os danos da pandemia de Covid-19 à economia mundial ainda não foram contabilizados. Sabe-se que os efeitos serão devastadores e uma depressão planetária é o que está no horizonte. O impacto na economia tem duas razões muito claras: a paralisação das atividades econômicas devido ao distanciamento social imposto pela situação sanitária, e o alto investimento dos governos para minimizar a tragédia social.
Praticamente em todos os países os governos adotaram a recomendação da Organização Mundial da Saúde – OMS pelo distanciamento social, muitos adotando a sua versão mais extrema, o chamado lockdown, com confinamento total e obrigatório. Para viabilizar a vida dos cidadãos, os governos adotaram auxílios sociais que transferiram trilhões dos cofres públicos para o bolso dos cidadãos. Além disso governos destinaram muitos recursos para equipar os sistemas de saúde e viabilizar o atendimento universal.
Somam-se, assim, fatores ameaçadores para a economia. Diminuição do poder de compra da população, redução da produção industrial, comprometimento do caixa dos governos. E ainda a tensão social causada por desemprego e colapso em setores informais.
Retomada
A retomada da economia está associada a uma variável ainda imprevisível: a superação da pandemia. Embora a comunidade científica esteja concentrada em estudar o Covid-19, há poucas certezas sobre o seu comportamento e o quanto tempo vai deixar de haver uma pandemia. O controle da situação depende, por exemplo sobre a possibilidade de reinfecção ou na imunização “natural” das populações até níveis controláveis.
A falta de uma coordenação dos países nas políticas sanitárias e econômicas para enfrentar a crise também é um problema. Ritmos diferentes de retomada e situações particulares dos países devem também atrapalhar uma retomada global. Por certo o comércio internacional não será mais o mesmo por um bom tempo.
No Brasil
Na Europa a política de quarentena extrema chegou a 50 dias em países como a França e os números indicam, mas não garantem, um controle da curva epidemiológica que permite a retomada das atividades econômicas, ainda com restrições.
No Brasil a política adotada pelo governo federal com vistas ao distanciamento social e a resultante flexibilização da quarentena em várias cidades e regiões fez com que o ciclo da pandemia se prolongasse. O pico de infecções previsto inicialmente para abril começou a ascender apenas em maio, sem previsão de início de queda da curva. Ou seja, o temido impacto na economia tende a ser mais profundo e prolongado.
A dificuldade do governo em oferecer auxílio para a população mais pobre e especialmente para os pequenos empresários, só funcionou como pressão para que individualmente quebrassem o isolamento. No entanto o colapso financeiro já é real e o fechamento de pequenos negócios, ou a “morte de CNPJs” já é uma realidade.
Por outro lado a flexibilização das regras trabalhistas protegeu empresas maiores, mas gera desemprego e consequentemente reduz a atividade econômica.
Desemprego record
Segundo o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, no primeiro trimestre de 2020 o desemprego no país ficou em 12,2%, o que significa 12,8 milhões de pessoas sem emprego. Na comparação com o último trimestre de 2019 o índice cresceu 1,3 pontos percentuais.
O que preocupa é que estes números são anteriores à pandemia. É previsível que as flexibilizações trabalhistas decretadas aumentem consideravelmente este número.
O desemprego não é apenas um índice social, é também um indicador econômico, uma vez que demonstra uma parcela da sociedade sem capacidade de consumo, agravando a estagnação da economia.
Números
As previsões de órgãos internacionais como Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional e mesmo agências privadas de análise de risco apontam 2020 como um ano perdido. Estima-se um encolhimento de até 2,4% no PIB – Produto Interno Bruto Global, o que configura a situação mais grave desde 1929.
Para o Brasil o FMI previa, em abril (durante o período de maior adesão ao confinamento), um PIB negativo de 5,3%. Uma verdadeira tragédia econômica que resulta de uma economia que já vinha mal em 2019,quando o PIB cresceu minúsculo 1,1%.
O PIB – Produto Interno Bruto do Brasil deve ser negativo com – 4,11% em 2020. O número foi revelado pelo Banco Central do Brasil, no Relatório Focus, no início de maio. A inflação também está em queda e a deflação, um indicador de estagnação absoluta do mercado está no horizonte. A deflação acontece quando os preços de produtos e serviços caem em determinado período. É um movimento contrário ao da inflação, quando os preços sobem, mas quando os preços caem por um longo período, as consequências podem ser tão ruins ou até piores que as da inflação.
CASANPREV
Neste cenário sombrio como ficam os investimentos da CASANPREV?
Não há uma ameaça ao patrimônio em si até porque, boa parte da carteira de investimentos, cerca de 63,4%, está alocada em papéis de Renda Fixa, que são papéis mais protegidos. A tendência é que remunerem pelo menos a inflação, não devendo haver perda monetária.
O desafio é atingir a Meta Atuarial, o Regulamento do Plano prevê uma meta de 4,86 % + INPC ao ano , que é a rentabilidade necessária para que o patrimônio cresça de acordo com os compromissos previdenciários já contratados. Diante do quadro instalado é muito provável que não consigamos atingir a meta neste ano. O que significa dizer que o resultado deste ano não irá comprometer o pagamento dos benefícios futuros. É sempre importante frisar que o Plano CASANPREV é de longo prazo e teremos tempo suficiente para recuperar as perdas que 2020 deixará.