Ao fazer uma avaliação do 35º Congresso da Abrapp, realizado em São Paulo, entre 12 e 14 de novembro, o Presidente da Abrapp (Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar), José Ribeiro Pena Neto, destacou que hoje, apenas 3% da população economicamente ativa e 41% dos que ganham acima do teto do INSS têm a proteção da previdência complementar fechada. Para ele, é imenso o potencial que o setor tem para crescer. “Se abrirmos um caminho virtuoso, daqui a 20 anos poderemos ter 17 milhões de trabalhadores protegidos e reservas garantidoras de benefícios próximas de R$ 3,4 trilhões, ou 40% do PIB”, destacou.
O Brasil precisa, então, adotar caminhos que o façam poupar mais e melhor. Os Fundos de Pensão poderão desempenhar papel preponderante nesse esforço de poupança. “Como credencial, dispomos de um sistema que soube evoluir no arcabouço legal, em governança, controles, gestão de riscos, qualificação de seus profissionais e administração dos investimentos”, lembro o presidente da Abrapp.
A Previdência no Brasil se consolidou, a exemplo dos bem-sucedidos modelos europeus, no tripé “Previdência Social, Previdência Complementar Coletiva e Previdência Complementar Individual”. E, embora tal condição coloque o País em boas posições globais de cobertura previdenciária, ao se constatar que a Previdência Complementar Fechada cobre 6,7 milhões de pessoas (cerca de 8% da PEA) e gere poupança correspondente a 14% do PIB – enquanto indicadores de outros países apresentam coberturas próximas ao total da população e ativos equivalentes aos PIBs – se percebe a dimensão de nosso potencial interno.
Manutenção do exercício da cidadania aos beneficiários, capitalização de empresas através dos mercados financeiros e de capitais, formação de postos de trabalho, financiamento de projetos de médio e longo prazos, desoneração das contas públicas são alguns dos valores sociais e econômicos gerados pelos fundos de pensão e essenciais ao desenvolvimento e sustentabilidade de qualquer nação. Para que o Brasil se beneficie desses valores se faz necessária verdadeira implantação de um projeto de Previdência Complementar para o País – propósito que permeou toda a programação do evento –, o qual envolve desde ações macro, como refletir sobre a própria estrutura de previdência, até inúmeras ações micro que passam tanto pela criação de mecanismos e produtos mais atrativos aos patrocinadores e participantes quanto por uma visão menos cerceadora e mais moderna sobre a gestão segura dos recursos. Afinal, os dilemas do curto prazo x longo prazo, longevidade, desafio da obtenção de rentabilidade dos investimentos e de estruturas contábeis que envolvam a dinâmica dos negócios com maior aderência, além da questão cultural da educação previdenciária e financeira não são exclusivos do Brasil.
“Em 2050, teremos 30% da população de idosos. A questão previdenciária se faz prioritária à sustentabilidade dos mercados e Governo e é por essa razão que o enfrentamento dos desafios, nesse momento, é essencial”, disse o Diretor de Seguridade da CASANPREV, Fernando Barros que participou do evento. Fernando destacou um dos debates do Evento, proposto pelo educador financeiro, Gustavo Gerbasi, que abordou o paradoxo do longo e curto prazo e as novas estratégias para se aposentar . “O palestrante deixou claro que a aposentadoria, da maneira que muitos pensam alcançá-la, não é mais viável e sequer é interessante”, afirmou. Segundo o educador, quando foi criada, no final do século XIX na Alemanha, a aposentadoria tinha o objetivo de prover idosos incapazes com alguma renda. Hoje, fazer planos para parar aos 65, ou antes, talvez traga tranquilidade financeira, mas a limitação de possibilidades profissionais pode condenar ao tédio.
Por sua vez o Diretor Presidente, Adir de Oliveira, que também participou do Congresso destacou o debate sobre a precificação dos ativos das Entidades que ele classifica como “crucial” no atual momento. De acordo com Adir, há uma preocupação da Abrapp em construir uma proposta comum dos representantes da sociedade civil e do governo para que se aprimore as normas que tratam da precificação de ativos e passivo e solvência, cujo objetivo é assegurar que a situação real de equilíbrio seja expressada corretamente na apuração dos resultados das entidades. Segundo levantamento preliminar realizado pela PREVIC, estima-se que 95% dos planos já adotam taxas atuariais dentro do intervalo previsto nas novas normas.
Para entender mais sobre esse assunto veja o webinar (conferência pela internet) sobrePrecificação de Ativos, Passivos e Solvência de Planos.
Veja AQUI uma avaliação do evento, em entrevista com o presidente da Abrapp.