As recentes mudanças aplicadas sobre o rendimento da poupança atrelando-a ao juro básico da economia fizeram muitos investidores procurarem modalidades mais atraentes. No entanto mesmo com a queda da taxa Selic, que de agosto de 2011 até agora passou de 12,5% a 7,5% ao ano, a caderneta nunca rendeu tanto em relação à taxa básica de juros quanto hoje, exceto em 2010, segundo levantamento da revista Exame, com base em dados do Ministério da Fazenda.
Com o rendimento antigo, de 0,5% ao ano mais a Taxa Referencial, a poupança só chegou a render mais do que 70% da Selic (rendimento atual) em 2010, quando a Selic foi reduzida a um dígito. Antes disso, com a taxa em dois dígitos, a poupança não chegou a render mais do que 65% da Selic.
“Em termos proporcionais, a poupança que rende 70% da Selic é muito boa. Ela nunca foi uma grande aplicação para multiplicação de patrimônio e continua não sendo. Mas, apesar de aparentemente render menos, esta é a melhor poupança de todas, tem muito fundo de renda fixa perdendo para a poupança e isso no passado era impensável”, explica Arthur Vieira de Moraes, especialista em finanças pessoais, ouvido pela reportagem da Exame.
Ano | Selic | Rendimento da poupança | Rendimento da poupança/Selic |
2002 | 19,2% | 9,4% | 48,8% |
2003 | 23,5% | 11,1% | 47,2% |
2004 | 16,4% | 8,3% | 50,6% |
2005 | 19,1% | 9,4% | 48,8% |
2006 | 15,3% | 8,4% | 54,9% |
2007 | 12,0% | 7,7% | 63,9% |
2008 | 12,5% | 8,1% | 64,8% |
2009 | 10,1% | 6,9% | 68,5% |
2010 | 9,9% | 7,0% | 70,5% |
2011 | 11,8% | 7,6% | 64,8% |
Fonte: Ministério da Fazenda
Como a queda da Selic também prejudica o rendimento de outras aplicações em renda fixa que têm sua rentabilidade indexada à taxa, comparativamente, pode-se dizer que a poupança ficou mais vantajosa em alguns cenários. Os investimentos em fundos DI e as Letras Financeiras do Tesouro (LFT), dependendo da taxa de administração cobrada, podem perder em rentabilidade para a poupança, assim como os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), que não remuneram acima de 90% do CDI. “A poupança, além de não ter taxa de administração, é isenta de Imposto de Renda. É por isso que ela bate muitos dos fundos que hoje chegam a cobrar 0,5%, 2%, 3% e até 4%”, diz Moraes.
Apesar de não ser considerada uma boa alternativa para previdência, em função do longo prazo, Moraes defende que a poupança é ainda um dos melhores investimentos, mas dentro do que ela se propõe. “Não adianta chorar o leite derramado. O brasileiro deve aprender a usar a poupança para o que ela serve. Se ela conseguir repor a inflação, ela já cumpriu sua função, que é de proteger o dinheiro de deterioração. A poupança não realiza sonho de ninguém”, explica o especialista.
A poupança também é a aplicação ideal para ser usada como um colchão financeiro, uma reserva de valor disponível para ser usada em emergências. Como a aplicação é segura e altamente líquida, o investidor teria mais facilidade se precisasse do dinheiro diante de um imprevisto.